ABRUPTO

4.8.14


O NAVIO FANTASMA: HÁ UM PROBLEMA COM O BES, MAS HÁ UM AINDA MAIOR PROBLEMA COM O MODO COMO FUNCIONAM AS NOSSAS INSTITUIÇÕES E A NOSSA COMUNICAÇÃO SOCIAL (2)

Porém, o mesmo pode ser dito de muitos jornalistas que andaram no último mês a repetir que o GES era "mau" e o BES estava "bom". Quase que faziam ponto de honra de nos "prevenirem" de que era assim, não fosse alguém desconfiado retirar o dinheiro do BES ou despachar acções e obrigações. Já disse várias vezes nos últimos meses que esse não é o papel dos jornalistas. Mesmo que a informação viesse da boca do Governador, da Ministra das Finanças, do Primeiro-Ministro (e algumas  vieram), os jornalistas não são "passadores" de "informação", mas sim verificadores de informação. Podem colocar o que dizem na boca de "fontes próximas" do Banco de Portugal e assim informarem sem validarem o que outros diziam, não podem é afirmar, como afirmaram, que o GES era "mau" e o BES estava solidíssimo, a não ser que isso fosse resultado do seu próprio  trabalho de investigação. O problema é que a promiscuidade com o poder e as suas "fontes" e muitas vezes uma concordância profunda, ideológica ou "técnica", dá nesta dificuldade de distanciação.

Por isso, quando há uma crise séria, todas as instituições falham. O Governo, o Banco de Portugal, a justiça e a comunicação social. E agora, por favor, não comecem na mesma a garantir-nos que "não há dinheiro público envolvido", a solução é a melhor para "os portugueses", "engenhosa", mesmo que experimental, e com o tom populista de que os "donos" do Banco vão "perder tudo", etc., etc É que isto é só o principio, ainda há muita coisa por saber, vai haver processos judiciais, pouco se sabe sobre o papel que outros bancos vão assumir, etc., etc. Por favor, não recomecem na mesma a repetir o que o poder diz, porque nesse caso vão ir outra vez contra a parede. 

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© José Pacheco Pereira
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